Quase vejo os
dois ali sentados. Com a sua larga experiência ele ensina o jovem. A conversa é
longa. Temas pesados e desafiadores estão lado a lado com boas lembranças e
também esperanças. Que pena que a conversa não pôde se dar pessoalmente. Paulo
estava preso, a muitos quilômetros de Timóteo, a quem remete sua carta. Não é a
primeira, pois o contato precisa ser alimentado, e de uma ou outra forma eles
mantêm a comunicação. E essa comunicação é fundamental se o objetivo é o
discipulado, o acompanhamento e o crescimento.
O tom da
carta é de recomendações. Palavras diretas: “Não se envergonhe...”,
“retenha...”, “fortifique-se...”. O objetivo de Paulo é contribuir para a
formação de um obreiro (trabalhador!) aprovado (2.15). Por isso o ensino, as
advertências, o incentivo e até as repreensões. Paulo não se importa em passar
por chato. Se os dois estivessem conversando pessoalmente, muitos teriam sido
os momentos em que o jovem Timóteo teria baixado a cabeça, pensativo. E ao
fazer isso, teria dado a chance a si mesmo de ser aperfeiçoado. Estaria
exercitando o coração: para que se tornasse ensinável.
Quem, hoje,
pode falar como Paulo a Timóteo? Os avisos (“Fuja dos desejos malignos da
juventude...” 2.22) soam retrógrados. A escolha do pecado é fazer o próprio
caminho. Assim, o chamado a seguir outra pessoa parece podar a liberdade. Mas é
aí que está a porta para o verdadeiro crescimento em fé. Quem pode falar como
Paulo a Timóteo comigo?
Matias da
Silva
Teresina/PI